terça-feira, 11 de novembro de 2008



Depois de vôos perdidos, correrias e alguma tensão, finalmente consegui pegar meu avião pra Barcelona (foi no dia seguinte ao que estava previsto, mas não vale a pena contar essa história). Foi uma viagem longa, na qual eu não preguei o olho, assisti três filmes, esbocei a mixagem de uma música e enchi a cara de vinho português. Cheguei em Barcelona por volta das 11 horas (hora local, 6 horas da manhã no Brasil) completamente virado mas muito animado. Após alguns minutos de espera na esteira descobri que as bagagens do meu vôo tinham sido "extraviadas". Guichê da empresa, outra fila, mais uma hora se passou, um registro de reclamação e pronto saí da área de desembarque. Claro, que mais de uma hora atrasado, sem falar com ninguém, não havia mais ninguém me esperando no saguão. Ainda bem que eu tinha uma lista com os telefones de contato e algumas moedas de euro, com as quais pude ligar e chamar de volta o cara que ia me buscar.


Bom, aí começou a ficar melhor. O aeroporto de Barcelona fica numa parte afastada da cidade; tipo um distrito industrial, cheio de paredões e pedreiras tomados de graffiti e tags.




O motorista era um cara maneiro, jovem, conversamos um pouco, ele em espanhol eu em "portunhol", mas nos entendemos bem. Chegando na cidade, que é muito bonita e ao contrário do que eu esperava, com uma temperatura bem agradável, ele me levou para o hotel onde estavam hospedados os participantes da academia. Um hotel legal numa das várias ruelas de Barcelona. Ruas incrivelmente pequenas e estreitas, com prédios baixos parecidos com a região do Arco do Teles; mas como era domingo, estavam vazias.


Entrei no hotel só com a minha bolsa de equipamento (que felizmente eu nunca despacho), a roupa do corpo e meus documentos. Enquanto ainda estava fazendo o check in na recepção, entra no lobby um grupo de umas seis pessoas, homens e mulheres jovens com toda a cara de quem estava ali pelo mesmo motivo que eu, e me perguntam: "Oi, você veio pra academia?" "Sim." Respondi e eles disseram "Olá!" e se apresentaram. Óbvio que nomes de primeira... eu não gravei nenhum, mas todos foram muito simpáticos e receptivos. Me apresentei e disse que era Brasileiro; o que aparentemente me gerou ainda mais simpatia. Me disseram que iam ficar no saguão interno e me perguntaram se eu os acompanhava. Disse que ia no meu quarto, tomar um banho e desceria logo. Agradeci e subi. Como dizem por aí, "a primeira impressão é a que fica". Me senti em casa de prima. Irado!



Image Hosting by Picoodle.com


Depois de tomar um banho e colocar a mesma roupa (tinham perdido minha bagagem, né....) desci e encontrei mais alguns participantes era muito engraçado, via uma pessoa, olhava um segundo, dois e ia se apresentar: "Olá, sou Fulano, sou Beltrano, sou de sei lá aonde, prazer." Aos poucos foram aparecendo os trinta integrantes do 2º termo da Redbull Academy 2008. Estava marcada a primeira ida à academia nesta tarde e as pessoas que haviam chegado na véspera, estavam ansiosas e animadas. Conheci a representante da Redbull que "cuidaria" dos participantes e ela me deu o kit da academia com os guias da cidade, e a programação das festas, folders e um telefone para comunicação interna. "Ele fala de graça para todos os participantes, mas fora isso, não faz ligações. Justo, não é?"


Quando estavam todos no saguão, foi dado o sinal: Vamos para o ônibus que vai nos levar pro local da academia. Uma caminhada e uma viagem agradável, todo mundo animado, conversando, querendo se conhecer. Uns vinte minutos depois, chegamos à um grande armazém, descemos do ônibus e entramos. Um muro cheio de grafitti colorido nos dava as boas vinda do lado esquerdo enquanto nos dirigíamos à direita e chegávamos a uma área externa com mesas e cadeiras e com guarda sóis abertos. Lá estávamos; entrando no prédio onde se daria a 2ª parte da Redbull music academy 2008.





Um espaço grande, com computadores para acesso à internet, um set de dj, sofás e poltronas, duas mesas compridas, o estúdio da rádio e um balcão cheio de frutas, pães e cookies. Lanchinho de boas-vindas, confraternização. Algum tempo depois, somos convidados à entrar e nos dirigirmos para a sala de palestras. Vamos ser oficialmente recebidos e ter as primeiras informações sobre o que virá nos próximos dias.






As apresentações foram feitas pelos criadores da academia, e junto com eles estava o time de estúdio desse ano. Entre outros, fazem parte desse time, Ben Zinc, produtor de Drum & Bass das antigas e Russel Elevado, que só pra citar alguns, posso dizer que ele gravou e mixou Erika Badu, D'Angelo e The Roots. Muito animador! Feitas as primeiras apresentações, todos se levantaram e fomos ao primeiro tour pelas instalações da academia. Instalações de arte e pinturas nas paredes e cantos do grande armazém, eles realmente pensaram em tudo pra fazer o ambiente o mais criativo possível. Subimos para o segundo andar e fomos sendo levados pelos corredores aos estúdios. Oito salas que eram no mínimo impressionantes. Cada sala decorada com um tema, por um artista diferente, tinha um imac, uma placa de som externa e um controlador midi; além de equipamentos que variavam de MPCs à Moogs, passando por toca-discos e um sintetizador maluco em forma de barril com luzes e cubos de acrílico (depois eu falo sobre ele, tivemos uma palestra inteira pra explicá-lo).

Image Hosting by Picoodle.com



Image Hosting by Picoodle.com


Image Hosting by Picoodle.com


Image Hosting by Picoodle.com


Image Hosting by Picoodle.com


Image Hosting by Picoodle.com





À cada sala que entrávamos o meu queixo caía mais. Não podia evitar meu comentários com os outros participantes, que também não evitavam os seus. Era incrível! Estávamos naquele lugar e em breve teríamos acesso a tudo aquilo que estávamos vendo. Tinha ainda o escritório, os núcleos de áudio e vídeo que geram conteúdo para a internet e para a rádio e um espaço com um tipo de vídeo game gigante onde se joga space invaders jogando bolas de borracha numa tela de vidro enorme, entre outras coisas. Enfim estavam todos entrando num sonho musical que ia durar duas semanas.






A primeira noite já começou no ritmo. Teríamos a primeira festa já com a apresentação de alguns membros da academia. Eu estava morto, mas não ia perder o primeiro dia de festa em Barcelona, né? Então, fui ao clube City Hall. Dois andares, uma área externa, muitas gatinhas. Bem legal o lugar. Quando cheguei fui assistir ao show da menina de Nova York. Um hip hop bem experimental executado ao vivo por ela mesma que produzia os próprios beats e ainda fazia alguns raps durante o show. Uma audiência calorosa correspondia bastante, gritando e botando as mãos para o ar à cada batida que mudava.


Image Hosting by Picoodle.com





Image Hosting by Picoodle.com


Depois de um tempo, fui para o andar de baixo. Uma pista de dança maior, bem maior e um dos caras da academia estava tocando lá também. Um techno, house (esses sons não são minha especialidade), bem pesado e acima de tudo, muito bem mixado. Fiquei bastante impressionado. Um pouco mais tarde, vi um pedaço do show de uma outra menina que é do Canadá e que apesar de estar sozinha no palco disparando seus beats do lap top e cantando (o que pra mim perde um pouco da dinâmica do show), tinha uma voz meio rouca, muito maneira que me lembrava a Macy Gray. Depois disso, pedi pra sair e voltei andando para o hotel. Estava acordado tinha mais de 30 horas.




DIA 2




O segundo dia começou com o telefone tocando. Eu estava completamente virado na véspera e dormir tinha sido um alívio. Só que o ônibus para a academia partia às 11 e meia. Quando atendi o telefone, ainda meio desnorteado ouço a voz da menina da Redbull me perguntando em espanhol se eu estava pronto. Na realidade entendi muito pouco do que ela me falava. Estava completamente tonto de sono e espanhol não é realmente minha língua mais fluente. Consegui no mais ou menos entender que já estava todo mundo no ônibus e eu teria que ir sozinho de metrô. Não via problema nisso, exceto pelo fato de que eu provavelmente perderia o café da manhã e que a primeira palestra do dia seria nada menos que Chuck D. Tomei uma ducha, vesti a mesma roupa (a única que estava comigo já que a minha bagagem estava em algum lugar entre Lisboa e Barcelona) e saí do hotel. Enquanto me dirigia pra La Ramblas (uma espécie de Joaquim Silva durante a noite e Largo da Carioca durante o dia) liguei pra saber como chegar de metrô à academia. O caminho era simples. Uma baldeação da linha verde pra vermelha, algumas estações e pronto. A única coisa complicada é que o mapa da rede de metrô de Barcelona é realmente grande e um pouco digamos... enrolada pra quem mora no Rio e só tem a linha 1 e a 2. Ainda bem que eu aprendi a andar de metrô em São Paulo que tem uma rede de transporte metropolitano bem maior que a da cidade maravilhosa. Foi maneiro. Nos transportes públicos você começa a ver os tipos da cidade e andar na rua sempre foi uma das minhas predileções. A estação San Andreu deixa do lado dos armazéns onde está acomodada a academia.


Image Hosting by Picoodle.com


Não foi difícil chegar lá. Ao entrar na sala de palestras, lotada, bem na minha frente se encontra nada mais nada menos que o "inacreditável, animal da rima"  Chuck D. Sentei e assisti. Pra minha alegria, quando cheguei ele estava falando sobre como os djs influenciaram seu gosto pela música e como as mixtapes desses djs fizeram ele se interessar pelo hip hop. Muita sabedoria, muito amor pela música, alguma política e muita história. Simplesmente memorável. Chuck D teve a primeira "standing ovation" do 2º termo.




Image Hosting by Picoodle.com


Image Hosting by Picoodle.com


Depois do almoço, (que é um assunto à parte aqui, váriado, cheio de legumes, verduras, saudável e gostoso pacas), tivemos outra lenda do rap dividindo conosco um pouco de sua história e experiência. Bun B do UGK.


Image Hosting by Picoodle.com


Sinistro!!!! O cara desfiou histórias sobre ele e seu parceiro Pimp C, como ele continuou lutando pelo grupo enquanto Pimp estava na cadeia, o respeito que rappers que ele nem imaginava que poderiam  conhecê-lo tinham pelo UGK além de como e por que ele estava continuando o grupo agora que Pimp C está morto. Lição de vida. Outro aplauso de pé. Ele realmente mereceu.


Nesse dia tivemos ainda uma oficina de microfonação e gravação de bateria acústica com Eric e Russel. Era facultativa, mas como o assunto me atrai, fiquei e assisti. O que, diga-se de passagem, foi ótimo. Os  caras realmente sabem do que estão falando e tiveram toda a boa vontade e paciência pra responder todas as perguntas que foram feitas. Depois de explanarem sobre a microfonação e acústica, fomos para a técnica e enquanto nosso colega Nino da Califórnia tocava, Russel e Eric ajustavam os níveis e explicavam sobre os prés e equipamentos usados para a gravação. Foi nesse ponto que houve uma pausa, não lembro exatamente o motivo, mas durante ela, Russel Mostrou uma das faixas de seu último trabalho em estúdio com uma cantora chamada Nikka Costa. Simplesmente uma das melhores mixagens que já ouvi na minha vida!!! Maravilhosa!!! 


Depois disso, fomos para o clube Versalles. Onde iria acontecer a próxima festa da academia. Mas eu só to dizendo porque tá escrito no livrinho pois na real, não me lembro dessa balada. Mas que eu fui, eu fui. E não me entendam mal, não fiquei doidão nem nada disso. Só realmente não me lembro. Talvez não tenha sido tão legal... 


A coisa realmente boa dessa noite foi que ao chegar no hotel perguntei ao rapaz da recepção se minha mala havia chegado. Ele disse que não tinha nada ali na recepção. Subi pro quarto triste pensando em usar a minha mesma roupa pelo 4º dia consecutivo, entrei no quarto e comecei a me arrumar pra dormir sem roupa, sem escova de dentes. Quando de repente, eu me viro e BUM!!!! Minha mala estava dentro do quarto. A melhor notícia do dia. 



DIA 3








Eu não lembro da noite anterior, mas eu continuava na seqüela do sono. Ainda assim consegui chegar na hora pra pegar o ônibus. E tinha roupas limpas e diferentes da calça verde e camisa bege com que tinha viajado; o que foi instantaneamente notado por meus colegas. Não posso poupar comentários e elogios para a equipe de cathering ou o buffet que cuida da alimentação na academia. É muito bom!! Todas as refeições são no mínimo ótimas. Depois do café, tivemos a primeira palestra do dia. O convidado era Moritz Von Oswald o criador do techno minimalista que se derivou do dub e do som eletrônico dos anos 80. Na realidade, eu não fui muito feliz nessa palestra em particular. Estava cansado e o tema não era também dos meus favoritos... dormi, mas dormi muito. Pelo menos metade da palestra. Mas o pior não foi dormir. O pior foi dormir na 1ª fila e roncar!!!! Isso sim rachou minha cara. De frente para o palestrante. Tztztztztztztztztz..... lamentável.


Depois da palestra  (ou pra mim soneca), tivemos o almoço e depois a esperada "Listening Session" que consistia em todos os participantes mostrarem suas músicas, fossem elas próprias ou alguma de suas favoritas. Foi muito interessante e sobre isso eu posso dizer duas coisas. Uma: Quem vê cara não vê som. Vários caras que eu achava que faziam um techno qualquer, ou algo do gênero, na real tiravam um som maneiro e mais chegado pro hip hop do que qualquer outra coisa. E outra: Esses caras na academia realmente não dormem. O som de todos os participantes é bem maneiro. Cada um interessante à sua própria maneira e dentro do seu estilo. Essa sessão foi a real "apresentação" de todos. Saber o nome nesse caso não era o que realmente interessava. Saber o som de cada um dizia muito mais do que isso. Depois de todos os alunos, foi a vez do "production team" ou, os "professores" que mostraram seus trabalhos mais uma vez devo dizer que o que mais me chamou a atenção foram Russel, Mark Pritchard e Ben Zick. 



Image Hosting by Picoodle.com


Image Hosting by Picoodle.com


Depois dessa sessão de verdadeira "apresentação", partimos para "a boa"; que era nada menos que um show de Sly & Robbie ao ar livre com a abertura de Moritz Von Oswald com o toaster Tikiman. Uma praça enterrada no meio de construções medievais, um palco de tamanho médio, meia luz, becos cheios de bares e lojinhas de bugigangas. Um clima perfeito pro que se aproximava. Moritz entrou no palco coma praça ainda não completamente lotada. despejando clássicos do reggae e dub com intervenções constantes do toaster jamaicano.



Image Hosting by Picoodle.com




Image Hosting by Picoodle.com




Image Hosting by Picoodle.com


E enquanto isso a galera ia chegando, entrando e saindo da praça, dos bares ao redor e se espremendo cada vez mais. Quando Sly & Robbie entraram no palco o lugar estava lotado. Um show bom, muita vibe e criatividade no palco. Reggae da melhor qualidade com a marca registrada de quem sabe o que está fazendo. (E nesse caso, sabe e muito bem).











O show de Sly & Robbie, na real, aconteceu bem cedo, começou umas 10 e por volta da meia noite e meia tinha acabado. Depois desse evento, tivemos a continuação no clube Harlem Jazz Club, onde se apresentaram primeiro uma banda local de jazz que eu não sei o nome (não era ligado à academia, acho que eles são tipo residentes), depois o dj e produtor Ta-ku da Austrália, o produtor Onra da França e o dj Babão do Brasil, ou seja, eu. O Harlem é um clube pequeno e estava lotado quando cheguei lá, fazendo jus ao nome do lugar, Ta-ku despejava rap na vertente mais jazzística possível. Tocando a linha A Tribe, De la Soul, Jay Dee e etc, além de produções próprias que eram bem legais. Depois dele, foi a vez do Onra, que fez um tipo de Live P.A com duas MPCs 1000 e um mixer. Foi legal, mas como ele começou com seu material mais pesado, no final foi ficando mais devagar e a pista mais pesada. Depois de uma hora de beats instrumentais sem nenhum vocal, surpreendentemente ainda tinha uma boa galera na pista. A minha impressão era que tinha uma galera bem curiosa com o que eu ia tocar. E como eram 3 da manhã e a pista estava saturada de rap de 90 BPM, eu caí matando. Joguei de primeira o hit percussivo internacional dos Inumanos Tony Maneiro e a partir daí fui subindo até chegar ao ritmo de funk carioca. Devo abrir um parêntese aqui e dizer que graças a Nego Tema e Wali Cachaça Crew que eu havia encontrado na véspera e estão residentes em Barcelona, o lugar tomou a cara de um verdadeiro Baile Funk. Foi bem legal, apesar do fato de ficarem me dizendo pra abaixar o volume por que os vizinhos, a polícia... Me senti na "Na Beca".



Image Hosting by Picoodle.com




Image Hosting by Picoodle.com




Image Hosting by Picoodle.com
                                                                 ONRA



DIA 4




Após finalmente fazer algum barulho em Barcelona eu estava ainda mais feliz. Mas isso não significava que eu estava com menos sono. Não sei se era "jet leg" ou se era o ritmo frenético de balada e academia, mas eu tava acabado. Ainda assim, tinha me prometido que não dormiria na palestra de Sly e Robbie que seria a primeira do dia seguinte. Quando cheguei na sala, tinha uma bateria montada ao lado do sofá e um aplificador de baixo do outro lado. Isso significava que Sly e Robbie iam simplesmente falar e tocar durante duas horas pra gente. Simples assim. E assim foi. Muita experiência de estrada, estúdio, vida, convivência como grupo Sly e Robbie desfiaram nomes, ritmos e histórias entre as quais Robbie não largava do baixo que também não parava de dedilhar e Sly volta e meia levantava e se sentava na bateria para algumas demonstrações. No mínimo Demais.



Image Hosting by Picoodle.com




Image Hosting by Picoodle.com




Image Hosting by Picoodle.com




PODE BABAR!!!!!


Mais um delicioso almoço e lá vamos para a misteriosa palestra sobre a Reactable, o tal sintetizador em forma de barril que é pelo menos psicodélico pra não dizer muito louco. E lá estava o seu criador, o Sr. Sergi Jordà. Um cara com cara de cientista louco que tinha um sotaque estranho e nos falou um pouco sobre a história dos sintetizadores antes de falar sobre a sua própria invenção. No meio da sua explicação sobre como ele tinha criado o Reactable, mais uma vez, caí no sono e fui acordar quase no final da palestra quando iriam dividir dois grupos para uma demonstração prática da tal máquina; depois do lanche, é claro. Fiquei um pouco no estúdio com o Jan, um cara que mora na Austrália, mas eu acho que ele é alemão ou de algum lugar desses. Ele me disse que queria fazer um som comigo e tinha um sample de eletro e tal aí a gente ficou trocando idéia e ouvindo som no lap top dele até a hora do segundo grupo pra demonstração do Reactable. Quando finalmente chegou a hora, fomos pra sala de estúdio onde está instalada a coisa. É um bagulho doido, grande e luminoso, cheio de peças que parecem um jogo de criança em idade pré escolar. Ele ia explicando como funcionava, o que cada peça fazia, como se mudavam os parâmetros e tal. Até que finalmente, depois de mais ou menos uma meia hora, ele disse a seguinte frase: "Estamos vendo como fazer pra comercializar a Reactable." Alguém perguntou: "Quanto vai custar?" e ele disse: "Uns 20 mil Euros." Aí eu saí da sala e fui cuidar da minha vida. Fiquei um tempo no estúdio mas não cheguei a fazer nada e depois voltei pro hotel.


Essa noite foi no clube chamado Moog. Depois de ir ao hotel, fui direto para lá que é bem perto de onde estou hospedado. Ao chegar lá, por volta das 3 da manhã, tinha pouca gente na porta então entrei direto. Logo de cara tinha um bar que não estava exatamente cheio de gente, mas o som já bombava alto. Quando andei um pouco mais esperando ver uma pista de dança meia boca... Dou de cara com uma pista pequena, mas apinhada de gente e um sistema de som pesado. Tinha realmente chegado bem tarde, então o último dj da noite já tinha começado o seu set. O Italiano Delphi que mandava um techno pesado mas com característica bem funk. Fiquei até o final e por volta das 5 da manhã simplesmente acenderam as luzes, pararam o som e mandaram todo mundo ir embora. Não sendo bastante ainda, quando e chega à rua, os caras do clube diziam: "Não fiquem aqui, não façam barulho, vão para la Rambla." Fiquei indignado de não se poder falar na rua e contestei o cara. Disse que era um absurdo já ter sido expulso e que a rua era um local público no qual podia-se falar à vontade e que de onde eu vinha não era assim. O cara me perguntou: "De onde és?" "Brasil." Respondi. "Bien se vuelves acá, no entras!"





Um comentário: