quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

BARCELONA MOMENTS




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sábado, 29 de novembro de 2008

DIA 10





Claro que do lobby do hotel até o ônibus não se falava de outra coisa. O Sr. Wolfgang tinha realmente causado uma impressão. Mas, felizmente, o palestrante desse dia seria bem diferente. Mario Caldato AKA Mario C. nos falaria sobre suas experiências e, felizmente nos mostraria sons que com certeza não "continuavam assim nos próximos dez minutos". Logo ao chegarmos ao edifício da academia encontro Mario e Samanta durante o café e eles me pareciam bem animados. Não mais do que meu colega Michael, de Israel que quando lhe disse que tinha falado com Mario Caldato na véspera arregalou os olhos e disse "Sério?! Cara!! Mario C.!!! Uau!!!" Me sentei de front pro sofá dos convidados do lado da Samanta que me disse que não me deixaria dormir durante a palestra de seu marido. De cara, Mario nos contou sobre suas primeiras experências com a música com um teclado comprado na Sears durante sua infância (e que ele tem até hoje) e uma professora de piano neurótica até o primeiro home studio em L.A onde começou a aprender engenharia de som com seu colega de quarto e depois para a sala do apartamento de outro amigo em L.A onde começou a funcionar o selo Delicious Vinyl que teve como primeiros artistas Tone Loc e Young M.C (abro para dizer que Mario C. gravou o hit Wild Thang com Tone Loc cantando dentro de um armário. Quem sabe, sabe!!!). Claro que ele não podia deixar de falar de sua experiência com os Beastie Boys. Horas de estúdios milionários com os Dust Brothers fazendo coisas esdrúxulas durante a produção de Paul's Boutique (uma jóia de produção, mas não tão bom nas vendas.), o intervalo de três anos dos Beasties chateados com o "fracasso" do segundo disco e finalmente o renascimento e  consagração com as pérolas de Check Your Head e posteriormente de Ill Communication durante os quais refizeram e refinaram seu modo de produção gravando horas e horas de jams para depois escutar e editar tudo. Citou ainda a produção do Planet Hemp e de Marcelo D2 posteriormente além de tecer elogios enormes à música e à pessoa de Jack Johnson de quem produziu um disco. Como ele mesmo me disse: "Nos vemos no Rio." Valeu!!!!



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Mario C. e Dennis Coffey (no dia da palestra de Mario esqueci minha máquina. só tinha essa foto dele na apresentação do GAS.)


Nesse dia estava programada só essa palestra (muito inspiradora, por sinal.). Teríamos o resto do dia livre para trabalhar nos estúdios. Eu estava querendo continuar o trabalho do dia anterior com  meu colega Ta-Ku da Austrália mas também tinha algumas outras coisas pendentes. Logo ao sair da palestra, entretanto, encontro a equipe que tinha vindo do Brasil para fazer entrevistas e me acompanhar durante esses últimos dias da academia; uma moça da Redbull, um jornalista do JB do Rio e uma outra repórter da Rolling Stone Brasil. 

Quando vieram falar comigo lhes disse que haviam perdido uma ótima palestra, mas tinha chegado em uma boa hora; a do almoço. Muitas perguntas, descrevo o que consigo nos minutos que passam sobre minhas experiências da última semana. O difícil é saber a quem responder, visto que muitas perguntas se cortam e sobrepõem. Não gosto muito da idéia de que me vão estar seguindo durante minhas próximas horas. Faço o que posso para ser simpático mas não consigo evitar dar um perdido básico e sumir por algum tempo. Óbvio que mais de meia hora depois do almoço seria impossível conseguir um estúdio vago e a maioria das pessoas já tinha iniciado alguma coisa que seria difícil de "entrar" no meio do processo. Consegui a mesa no centro do espaço dos estúdios e estava muito bom. Um par de headphones e posso continuar de onde havia parado na véspera. Algum tempo depois Ta-Ku aparece e gravamos mais algumas coisas. 


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foto por Landerphoto.net


Felizmente, depois de uma certa hora os jornalistas foram embora (nada contra eles pessoalmente; só me sinto mais à vontade sem ninguém me reparando o tempo todo.). A noite se seguiu assim, trabalhando um pouco e sempre trocando alguma idéia com o resto das pessoas até a alta madrugada, como de costume.





DIA 11





Não posso dizer pelos outros, mas eu estava anestesiado; sabia no fundo em algum lugar que tudo aquilo estava para acabar mas não queria pensar nisso. sabia que ainda teria que pensar e digerir isso por algum tempo para absorver e realmente entender o que havia ocorrido nessa última semana e meia. O clima ainda era tranqüilo. Todos na vibe de fazer música. A única coisa que gerava um pouco de competição era realmente o uso dos estúdios que cada um queria terminar o que havia começado não chegava a ser um problema; só uma corrida.


Ao ver a programação das palestras do dia não liguei os nomes às pessoas. O primeiro seria o dj Toomp e depois Marco Passarani. Bem, Toomp é um dj de Atlanta nos EUA e como a maioria dos nossos palestrantes começou falando sobre seus trabalhos mais notáveis, influências e mostrando um som. Quando ele apertou o play eu ouvi um som que eu não ouvia há anos e na época, no rio, se chamava "melô do tchetcheiqui"; ou seja, um tremendo batidão. Fiquei de cara. Toomp falou sobre suas origens em Atlanta sobre como começou a discotecar e a fazer beats com o equipamento que "aparecia" como sua MPC 60 ou a SP 12. Desfiou um monte de histórias sobre suas parcerias com rappers, suas primeiras turnês nos EUA, sobre como procura desenvolver o estilo do cantor em suas produções e como pensa sobre o processo de fazer música. Falou também sobre sua influência de Soul Music, Gospel e Blues; gêneros muito presentes em sua região. Sua marca registrada (pelo menos pra mim) são bumbos muito graves e extremamente pesados presentes em todas as faixas que nos mostrou durante a palestra. Desde seus primeiros trabalhos que, como ele mesmo disse, são como "bass music" até as faixas produzidas para T.I, Jay Z e Kanye West. Ele falou ainda sobre algo que muitas vezes escapa aos músicos, produtores e artistas em geral que é o aspecto do "negócio" de fazer a música; ou seja, deter seus direitos autorais, ter controle sobre sua criação e tomar cuidado com os contratos que assina. Um camarada muito simpático, experiente no mundo da música e aparentemente muito contente de estar lá foi a impressão que o dj Toomp deixou além de ser muito talentoso também. Valeu!!!


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dj Toomp mostrando que ainda está em forma.









Lógico, almoço, e estávamos de volta para mais uma palestra; dessa vez com Marco Passarani (que eu não fazia a menor idéia de quem seria), mas qual não foi a minha surpresa ao ver que Marco era um cara ao qual eu tinha sido apresentado uns dias antes, pelos meus colegas de academia da Itália, como seu compatriota e amigo. Um figura, bem divertido, com quem eu já tinha trocado alguma idéia e tinha ido com a gente comer e depois pra balada. Mas o que eu não sabia era que Marco era um pioneiro do techno na Itália, tanto de curtir, como de tocar, como de fazer. Na real fiquei decepcionado comigo mesmo nessa palestra, pois Marco além de dj, era dono de um selo de música eletrônica e tinha muito à nos dizer e eu dormi uma boa parte de sua palestra. O pouco que eu consegui apreender foi que é bem duro manter um selo mandando discos pra toda a Europa e que realmente a "dance music" conquistou a cidade do papa.


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Depois da palestra, fui pro andar de cima mas todos os estúdios já estavam ocupados. Sentei então na mesa que ficava no lobby da área dos estúdios e fiquei trabalhando ali mesmo. Não é a mesma coisa que trampar num estúdio, com os monitores e tal, mas... não era mal além do que, não haviam muitas outras opções. Tinha pouco tempo; o paraíso estava por acabar...





DIA 12



Ao acordar tomei consciência de que realmente era o último dia. Não queria acreditar, mas era a verdade inevitável.  O lance, então, era aproveitar o pouco que restava pois depois desse dia ia voltar à dura e triste realidade. Nada mais de rango de graça, estúdios com equipamentos maravilhosos e gente maluca de todas as partes do mundo zoando o tempo todo. Bem... tudo que é bom dura pouco, né. Me aprontei e fui para o lobby encontrar com os outros e pegar o ônibus. Acho que meus sentimentos eram partilhados por todos; inclusive o de só se preocupar com o fim da academia depois que ela realmente acabasse. Fomos todos e sentia uma vibe boa durante a viagem.


Neste dia teríamos apenas uma palestra sobre masterização com o especialista inglês John Dent. Ao entrar na sala de palestras (não sem antes tomar café da manhã, claro) vejo que em cima dos sofás tem pequenos cartões de papel. Ao pegar um deles, vejo que nosso palestrante não perdeu tempo e deixou seu "business card" para todos aqueles "clientes em potencial". O Sr. Dent era bem articulado e me pareceu realmente saber do que estava falando. Nos falou sobre como mixagens bem feitas ajudam no processo de masterização, sobre qualidade de gravação e reprodução e sobre equipamentos analógicos e digitais. Durante sua palestra, nos mostrou algumas fotos e fez algumas demonstrações com desenhos sobre ondas e cortes de vinil. Ah, sim!!! Corte de vinil, claro, porque: 1- o processo de masterização é muito importante para o corte do vinil, se os níveis não estiverem precisos o disco não pode ser tocado. E 2- o Sr. Dent também é especialista em cortar nossos queridos 12'', 10'' e 45 rotações. Ele nos mostrou alguns de seus trabalhos de corte entre os quais para um rapaz jamaicano magrinho chamado Robert. Nos mostrou também fotos de sua máquina de corte de vinil (que disse ser um dos 3 equipamentos de seu estúdio que manteria se tivesse que escolher) e de seus estúdio cheio de compressores analógicos e de seu gravador de fita de rolo. Sinistro!!!! Ainda falando sobre qualidade de gravação, taxa de amostragem digital e formatos John me fez me sentir culpado por usar um sistema digital pra discotecar. Minha vontade foi de correr pra casa e pegar todos os meus discos pra tocar com eles. Segundo ele a resolução do CD é mínima. Por volta de 4 numa escala de 1 a 10. Que dirá os MP3 que andam pelo mundo afora... Muito boa palestra fecharam com chave de ouro.


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Depois disso o teríamos tempo para a finalização das músicas iniciadas e no final da tarde ia ocorrer a segunda "Listening Session" onde novamente cada um gravaria um cd mas dessa vez seria para mostrar o que havia sido produzido durante o tempo da academia. Logicamente após o almoço não havia mais nenhum estúdio vazio. Me sentei novamente na mesa do lobby e finalizei como podia as duas faixas que havia iniciado em parceria com meus colegas. Achei que era mais interessante do que apresentar algo que havia feito sozinho. 


Essa sessão final foi divertida. Ver o que cada um andou fazendo nas últimas duas semanas e saber finalmente o que era que se ouvia ecoando de todos os lados durante as noites. Cada cd era gravado por um aluno. Mas depois de ser tocado pelo "Production Team" no já clássico sofá da sala de palestras, os envolvidos nas músicas deviam se levantar para que os outros alunos soubessem quem havia colaborado naquela faixa. Tenho que citar aqui a produção do meu colega irlandês Rory (o original irish raver) que contou com a participação de nada menos que Tom Oberhein nos vocais. Foi muito bem sacada e ficou hilária. Muita coisa boa foi produzida. Realmente esses caras da academia não estão de bobeira. Não sei o objetivo deles por trás disso tudo (além de viajar para vários cantos do mundo por cerca de dois meses todo ano... bem, talvez esse já seja um bom  motivo. Mas do ponto de vista da teoria da conspiração... deve haver algo mais por trás disso...).


Bem... aí estava. Havia realmente acabado a 10ª Redbull Music Academy. Mas, óbvio, isso não ia passar em branco. Claro que ao sairmos da sala de palestras havia uma festa com um churrasco e dessa vez era ali mesmo no próprio prédio da academia que iríamos nos despedir. Foi divertido. Muita música, drinks e confraternização. Sabia que no dia seguinte estaria de volta à dura realidade mas não valia à pena pensar nisso. O importante era aproveitar até o último minuto aquela zona autônoma temporária da qual eu estava fazendo parte e sempre me lembrarei.



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foto de Landerphoto.net (primeiro dia)



 

  

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foto de Pere Masramon (última semana)


Bem, foi isso. Todo mundo me disse que a redbull academy seria uma experiência única e realmente foi. Se quiser conferir alguma palestra na íntegra você encontra em http://www.redbullmusicacademy.com   procura o nome do palestrante, edição 2008 e vai ter a palestra na íntegra (você pode até me ver assistindo ou dormindo em algumas delas.) 

Agradeço a todos os amigos que estavam torcendo por mim, a minha família (que ficou feliz de se livrar de mim por um mês) e à nike sports wear que deu uma força com roupas (pra eu não morrer de frio no outono europeu) e um espaço no site. Valeu!!!! Abraços a todos.

B.

sábado, 22 de novembro de 2008

Só para constar, antes do próximo e último post sobre a redbull academy, eu gostaria de mostrar algumas coisas que retratam o clima tranquilo e de intimidade que permeia esse evento. Para todo mundo que faz música, eu digo que vale realmente à pena se inscrever pra participar. Você aprende muito sobre música, amplia seus horizontes musicais e ainda conhece gente muito interessante do mundo inteiro. Figuras únicas e "carimbadas" com quem você acaba se identificando e depois, quando se lembra, sente saudade. São duas semanas muito intensas de experiências não só musicais mas pessoais. Pra mim, resumindo, foi FODA!!!!!


Aqui vão alguns momentos de "descontração" durante as palestras...


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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

DIA 8



O primeiro dia da segunda e última semana da academia começa com sol. Ainda bem que ao contrário do que pensei, Barcelona tem um clima bem agradável e até parecido com o Rio. Até a umidade, pela proximidade do mar, mas não chega a ser tão quente. Não sei por que o alarme do meu telefone não tocou, então acordei com uma ligação me dizendo que o ônibus estaria no ponto em cinco minutos. Pouco depois, recebo outra ligação, dessa vez do meu colega Jan, dizendo que o ônibus já estava lá e o pessoal estava entrando. Não queria pegar o metrô então saí correndo (literalmente) do hotel. Felizmente cheguei a tempo e o busão ainda estava lá. Ao encontrar as pessoas, percebi que o humor geral era de menos excitação. A empolgação e animação desenfreadas da primeira semana estava passando e as pessoas estavam mais devagar.


Chegando aos armazéns, após o café, tivemos a primeira palestra do dia com a Srta. Alice Russel. Uma loirinha inglesa muito simpática à quem eu tinha sido apresentado na noite anterior durante a festa no clube Macarena. Alice era uma pessoa interessante e bastante divertida. Falou sobre suas músicas e experiências com bandas em shows e gravações; de como preferia o som acústico e retrô com sabor de soul, funk e gospel dos anos 60 e 70. Logicamente, enquanto falava, ela demostrava suas canções. Era interessante ver que aquela moça pequena tinha um "gogó" potente e mandava ver com interpretações poderosas em canções cheias de clima de louvor. (Nesse caso, louvor não tem um caráter religioso, mas apenas de celebração. Talvez possa ser definido como amor à vida e à música). Muitos "soul claps" e baixos "funky" me fizeram curtir muito essa palestra além de, como já disse, nutri muita simpatia pela inglesa. Coisa rara.






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Mais uma refeição e lá estavam todos novamente na sala de palestras. Sentei ao lado do meu camarada Nino e fui pegar um copo d'água qual não foi minha surpresa ao ver que quando voltei quem estava no sofá era nossa palestrante anterior Alice Russel. Mais uma vez, ela foi muito simpática e me disse para sentar ali mesmo. Conversamos um pouco antes do próximo convidado começar a falar. Esse, diga-se de passagem, era nada menos que Dennis Coffey. "Quem é Dennis Coffey?" Bem, Dennis Coffey é apenas um dos guitarristas que mais tocou e gravou na música soul americana da década de 70. Ele era simplesmente um dos músicos contratados da gravadora Motown durante o período em que mais se produziu música por lá. Além de um pequeno solo de guitarra ali, na hora, o sr. Coffey nos mostrou sua experiência e contou sobre o processo de produção na Motown na época. No qual muitas vezes gravava a base instrumental com o resto da banda sem saber sequer o nome da canção ou quem iria cantar nela. Como músico de estúdio, ele viajou pelos EUA tocando e gravando em vários lugares e projetos; fez grana em Hollywood, gravou um disco solo estilo "guitar band", voltou pra sua cidade, viajou mais, tocou mais até que, um belo dia mostraram pra ele um disco de rap (que ele citou e eu acho que era do Public Enemy, mas eu não tenho certeza). E ele disse: "Ei!! Eu toquei isso aí, mas esses caras não me pagaram!" Aí, nós fomos apresentados ao outro lado do sampler. Foi interessante saber a perspectiva de quem fez uma música e derepente vê um pedaço dela sendo usado por uns caras que ele nunca viu pra fazer uma coisa que ele nem imaginava que existia rimando loucuras sobre ela.  O Sr. Coffey é tem um sotaque americano típico, parece um americano típico, mas mostrou que sabe das coisas e provou que se você faz música, vive a música, se sustenta da música e se mantém fiel no seu propósito você está é mais do que certo.






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 Os pedais do Sr. Coffey



Durante a noite, eu não saí. já tinha tido minha dose de balada e pra mim agora era hora de focar mais ainda nas músicas que tinha começado. Fiquei no estúdio até altas horas trabalhando e voltei pro hotel.




DIA 9




Bem, não é porque não fui pra balada que eu dormi cedo. Saí do estúdio praticamente à mesma hora que sairia das festas e fui dormir bem tarde; o que resultou no mesmo cansaço e sono para acordar às 11 e pegar o ônibus pra academia. A primeira palestra do dia foi com um figura chamado Wolfgang Voight. Segundo as apresentações, ele era um dos pioneiros do techno e minimal na Alemanha desde os anos 90. Não o achei exatamente interessante, mas, como durante a última semana tinha ouvido muito mais techno e afins do que em toda minha vida e além disso, não havia outra coisa pra se fazer durante as palestras, já que os estúdios ficavam fechados enquanto estas estivessem acontecendo. Ele começou a falar sobre a cena de sua cidade, Cologne, comparando com a cena de Berlin até que o "mediador" da palestra o também alemão Akshun Schmidt lhe perguntou sobre "a floresta que fica em volta de Cologne". Daí ele falou sobre seu gosto pela floresta perto de sua cidade e de como ia lá para buscar inspiração para sua música e etc. Durante sua palestra, o Sr. Voight mostrava trechos de faixas que havia feito com seu conceito "mínimo" de mínima instrumentação e variação. A frase "essa é a base e permanece mais ou menos assim por cerca de dez minutos." foi dita mais de uma vez no decorrer das duas horas que ele falou para o grupo. Resultado: dormi mais um bocado.



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"continua assim por mais uns dez minutos"



Almoço e lá vamos nós para a segunda palestra do dia que depois da primeira eu esperava que fosse mais interessante. Essa, no programa constava como o palestrante sendo I.F. Eu não fazia a menor idéia de quem seria essa pessoa e ao chegar na sala tinha um cara de boné, roupa de guerrilheiro que me lembrou muito o Marcelo Yuka de cabelos grisalhos. A 1ª frase que disse em sua palestra me ganhou de cara. O mediador lhe pergunta sobre a música techno e ele diz que o techno pra ele morreu em 96. Já me mostrou que era o contrário do Sr. Voight e ganhou minha simpatia. Tinha uma postura muito tímida e retraída, parecendo pouco à vontade em falar para aquele monte de pessoas. (coisa que disse mais de uma vez enquanto estava lá.) Mostrou sons bem interessantes e diferentes do que eu esperava pelo início da palestra e pela palestra anterior. Ele tocou breakbeats muito pesados e faixas bem "electro" com vocoders e muitos sons digitais. Pra dar a minha impressão de I.F, ele é um punk do fim dos anos 80 que ao invés de guitarrista era dj. Começou a fazer sua própria música, quis continuar "doing it himself", fez um selo e tinha uma loja de discos na qual vendia e distribuía seus discos. Foi uma palestra interessante com uma figura interessante que tinha muita coisa pra contar. Festas em squats, autogestão e disposição pra botar a mão na massa.  Destaque para a letra ininteligível de uma de suas faixas traduzidas pela própria grande figura:"Space Invaders, they will kick your ass, Space Invaders are smoking grass"!!!




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Depois das palestras, subi direto pro estúdio, tinha conversado com um cara da Austrália e íamos fazer um som juntos. Corremos de um lado pro outro, pegando toca-discos, MPC, teclado, ligando, procurando sample, cortando e quando finalmente estávamos começando a achar alguma coisa, chega um dos caras da produção e diz que está na hora de irmos ao concerto da noite. Estranhando o horário (por volta das 20 horas) pergunto que seria e ele me diz que era a apresentação do nosso querido primeiro palestrante, o Sr. Wolfgang Voight. Pergunto se tenho mesmo que ir ele diz que não sou obrigado, que é melhor que todos vão pois essa pode ser sua última apresentação ao vivo. Quando estava quase dizendo que não dava a mínima, resolvi que era melhor não discutir e ir. Desci e fui com todos (e quero dizer literalmente todos, a academia ficou vazia) para o ônibus. Não entendi bem, haviam dois ônibus que foram lotados com todas as pessoas que estavam na academia. e fomos até um parque à uns quarenta minutos de distância. Um lugar muito bonito, que segundo eu soube depois, foi desenhado por Gaudí e realmente é dono de uma arquitetura bem impressionante. Grandioso. Um bar, colunas enormes que sustentavam um mirante enorme, umas 4 telas de plasma bem grandes e cadeiras. Esse era o local da apresentação.




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Depois de alguns  minutos de cocktail, encontro uma moça que me pergunta se sou brasileiro; ao dizer que sim e que era do Rio, ela me diz: "Como não nos conhecemos?". Nos apresentamos e percebo então que eu a conheço, ela é a Samanta, que tocava com o Black Alien nos idos tempos do Totem em Santa Teresa e que agora está casada com o Mario Caldato, a quem fui apresentado logo em seguida. Depois de um rápido "Que legal!!! Lembra disso, lembra daquilo?!", fomos chamados aos lugares pois começaria a apresentação. Luzes apagadas, todos sentados e começa a projeção com algo como árvores digitais, passando para cima e para baixo enquanto um acorde sintético começa a crescer. Repita isso por cerca de sete minutos e é exatamente o que estava rolando. Percebi que não seria um espetáculo realmente interessante e me encostei em uma das pilastras pra tentar dormir; mas por causa da claridade e do som alto não consegui. Mais algum tempo se passou e nada acontecia. Talvez tenha mudado o tom do acorde, se muito, e quem sabe a cor das árvores no telão. 




O SHOW


Óbvio que depois disso eu não agüentei, me levantei e fui procurar o bar que, convenientemente, estava fechado e só reabriria depois do "show". Revoltado, fui olhar o lugar, que por si só era uma atração e notei que eu não era o único entediado com a apresentação. Vários dos participantes, senão todos, estavam nos arredores em qualquer lugar menos assistindo aquilo. Eu ia rodando de grupo em grupo e o comentário era sempre o mesmo: "Mas que p**** é essa???" . Particularmente estava me sentindo lesado, pois na hora em que estava começando a fazer um som, tive que sair para ir pra lá. Depois de rodar e xingar o quanto pude em inglês, percebi que a falta de palavrões na língua saxônica não me permitia expressar toda minha revolta e indignação com o que estava acontecendo. Felizmente nesse momento encontro novamente com Samanta e Mario, igualmente entediados, e na nossa língua mãe, finalmente, consigo compartilhar com eles tudo que estava sentindo com toda a amplitude de xingamentos que nos oferece a Língua Portuguesa. Ao final desse episódio, queria somente frisar que o tal sujeito ainda foi aplaudido e parecia se sentir realmente orgulhoso de seu trabalho. Talvez eu ainda não tenha sensibilidade o bastante para entender o que estava acontecendo. Ainda bem.






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Samanta, Mario C., Dennis Coffey e Russel Elevado curtindo O SHOW




O GRAND FINALE!!!




Levemente desanimado, voltei para a academia. Tinha deixado todo o equipamento ligado na esperança de continuar quando voltasse. Mas o Production Team resolveu fazer o workshop de Logic parte 2 e eu fui aprender um pouco mais sobre o programa. Quando voltei ao estúdio, percebi que meu colega australiano tinha ido dormir. Ainda gravei mais umas coisas, mas sem muita inspiração. Aquele alemão realmente tinha me desanimado.


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

DIA 5



Bem, na véspera tinha ido dormir às 7 da manhã mas consegui levantar pra pegar o busão. Mas daí à ficar acordado nas palestras... Isso sim seria o real desafio. Ao chegar na academia e tomar café senti o estômago pesar e o corpo pedir pra dormir. A primeira palestra do dia foi com um inglês chamado Mala. Ele tem um selo que se chama DMZ que pelo que eu entendi ele começou a fazer Drum & Bass por volta de 2000 e pouco e agora ele é um dos pioneiros do ritmo do momento na Europa o Dubstep. No decorrer da palestra, eu realmente não agüentei e dormi mesmo. Profundamente. Fui acordado perto do final e fiz muita força para não dormir de novo. Quando acabou e todos foram almoçar, eu me estiquei em um dos sofás e durante as 2 horas de almoço, dormi o quanto pude pra agüentar o resto do dia.

Fui acordado novamente na hora que ia começar a segunda palestra do dia que era com outro inglês. Joel Martin. Um colecionador e pesquisador de discos e na real, foi bem interessante. Ele tocou bastante música boa durante sua palestra, falando sobre discos raros e mostrando coisas bem bacanas, entre as quais, o som de onde saiu o sample de "Fuck the Police" do Jay Dee; que é de um tipo de disco que era uma espécie de opção mais barata para comerciais e programas e TV que não podiam pagar uma orquestra para fazer a trilha sonora original. Bem maneiro. E pra mim que sou aficcionado por discos... Foi um prato cheio.




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À noite tinha uma festa num clube chamado Macarena. Mas, antes, eu tinha visto uns cartazes dizendo que ia ter um show do dj australiano Kid Koala. Ele já tinha se apresentado no Rio umas duas vezes mas nas duas eu não consegui ir. Então, eu tinha que ir. E assim foi. Fui para a sala Apolo com Carles; um dos catalães na produção local e totalmente local. Chegamos no pico de cara e na faixa. O Apolo é um teatro antigo que foi transformado em casa de show mas o interior foi mantido no mesmo estilo. Muito bonito. O lugar estava bem cheio e tava tocando um dj local mantendo a pista na boa. Poucos minutos depois o show começava e Kid Koala chegava com seu jeito de urso tímido e simplesmente bota o lugar abaixo!!! Ele fez uma apresentação bem eclética, desde o rock e rap (é claro) até jazz e blues. Tudo mixado e misturado como é sua marca registrada no melhor estilo "tudo ao mesmo tempo agora". Muito Brabo mesmo!!! Destaque para seus mixes com a voz de Jessica Rabbit e seu já clássico "solo de trompete" que é impressionante!!!!





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O show do Kid Koala foi cedo, começou por volta das 21 horas então, por volta de uma da manhã, fui para o clube onde teria a festa do dia da academia; o Macarena. Que é uma caixinha de fósforo com o dj no meio, mas bem honesto. Um som batendo legal e o pessoal animado. Foi a noite do Dubstep, com o português Mushug, Mark Pritchard do production team,  Mala,  e o venezuelano radicado em Barcelona  Cardopusher. Estava bem legal, mas como eu não tinha dormido a noite anterior, fui cedo pro hotel. Assisti o Mushug que fez um som bem pesado, com muita coisa que me pareceu angolana e produções próprias bem legais. Depois, Mark entrou na pista tocando clássicos do Reggae até chegar ao Dubstep com um som bem diferente, eu achei. Interessante, mas, como tava cansado, fui embora no meio do seu set.




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DIA 6




Sexta feira. Além de ser o fim de semana e o booker da academia ter marcado outra gig pra mim, eu estava esperando esse dia pois teria uma das palestras que eu mais queria ver. Mas antes, claro, o café da manhã e a primeira palestra do dia. Esta foi com um catalão chamado Diego Manrique, que nos falou sobre a história da música local. Explicou um pouco sobre a unificação dos reinos que formaram a Espanha e sobre a ditadura que dominou o país no século passado. Durante sua palestra, Diego nos mostrou músicas típicas da região, falou sobre a mistura da Salsa cubana com o Flamenco e sobre um dos expoentes desta mistura que ficou muito popular no país e se chamava Camarón. Como nós brasileiros ao nos referirmos a Roberto Carlos, também o chamam "O Rei". Ele falou também sobre a liberdade e abertura política e cultural que se instalou nos anos oitenta, depois da queda da ditadura e como as olimpíadas de 92 "limparam" a cidade. No bom e no mal sentido; que, segundo ele, diminuiu a cena underground espontânea do lugar. Interessante.




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Na segunda palestra do dia, o inventor do sintetizador polifônico Tom Oberhein falaria para nós e eu queria ver o que ele tinha a dizer. Ele é um velhinho simpático tipicamente americano, com um sotaque forte mas bem interessante e cabeça aberta. Ele falou sobre como criou seus primeiros sintetizadores seguindo o modelo básico de dois osciladores, um filtro LFO e um filtro de envelope. Além de contar histórias sobre ele tomando café com Bob Moog, as reuniões dos inventores de sintetizadores uma vez por mês nos EUA ou como Herbie Hancok o congratulou por suas invenções. Ele falou ainda sobre sua relação com a música, coisa que eu achei digamos... Bonita. Ele disse que nunca fez música ele mesmo, mas que a parte dele no processo era criar o instrumento. Cabia aos músicos finalizar o ciclo utilizando sua criação e finalizando o processo criativo. Pra ver como são as coisas; depois de anos criando sintetizadores, Tom Oberhein passou por uma época de dificuldades financeiras em sua empresa e pediu ajuda a seu advogado que conhecia há dezesseis anos. O tal advogado o aconselhou e o ajudou a traçar um plano. Baseado na confiança que tinha, Oberhein seguiu o plano e no final, foi roubado por seu advogado. Não era mais o detentor de seus inventos e nem da empresa que carregava seu sobrenome. Vivendo e aprendendo. Não é só no Brasil que tem "malandragem". Mas, como quem é, é. O inventor da síntese polifônica continua firme e forte na luta. Aplausos de pé pra ele.






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1ºsintetizador polifônico by Tom Oberhein


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Depois disso, não tive muito tempo pra ficar nos estúdios. Fiz uma entrevista pra Redbull Academy Radio e fui pro Mephisto onde eu tocaria mais tarde. O line-up era formado além de mim pela inglesa Goldielocks e os também britânicos dj Food e DK que fariam um set audiovisual. Cheguei lá cedo (por volta das 10) pra passar o som. Além de ter que armar o sistema e ver como funcionaria a troca de equipamentos do set d dj Food pro meu, (esse lance de tocar com interface digital é bom, mas é cheio de nove horas...) Goldielocks havia me perguntado se poderia colocar suas bases durante sua apresentação e eu, claro que disse que sim. Depois de o dj da casa abrir a noite, entrei no palco com Goldielocks e ela despejou suas rimas com sotaque britânico e bastante atitude. Bem legal o som dela. (Foi um dos que mais me chamou atenção na listening session), mas o show foi bem curto, 20 e poucos minutos. Depois entraram os dj Food e DK. Usando Serato com um plugin de vídeo que deixa o set completamente audiovisual; eles passearam por estilos e ritmos fazendo a galera agitar bastante. Depois deles, foi a minha vez. Como já tinha tocado os funks cariocas e um bocado de som brasileiro na outra festa, resolvi fazer um set mais voltado pro rap e mashups com musica brazuca. Felizmente, a galera curtiu e vibrava cada vez que eu juntava uma batida de rap com um som brasileiro completamente desconhecido para eles. Agradeço ainda a presença de Nego Tema e Wali novamente que gritavam sem parar junto com o bonde que levaram pra balada. Nota 10





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camarim do Mephisto. Heavy Metal!!!!



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Dj Food & D.K.




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no palco com Goldielocks





DIA 7




Sábado. Finalmente não tinha que acordar cedo. o dia era livre e os estúdios só abririam a partir das 2 horas. Eu queria comprar umas coisas e mais que tudo, queria dormir. Acordei umas 3 e pouco e fui pra cidade. No livreto que deram pra gente tem o endereço e uma leve indicação de onde ficam várias lojas e eu fui na que me indicaram como a que teria as agulhas do modelo que eu uso e que, segundo me disseram, era bem perto de onde se localiza a academia. Peguei o metrô e quando saí da estação fui perguntando aonde ficava a tal da Carrier Peru. Ninguém sabia. Velhos, jovens, homens, mulheres, ninguém sabia onde ficava a bendita da rua e lógico, nem imaginava que loja era essa que eu queria. Depois de uma hora andando e de ter dado a volta ao mundo, desisti e voltei pra academia. Cheguei lá faltando 15 minutos pra hora em que supostamente se encerrariam as atividades esperando que estivesse vazia. Qual não foi a minha surpresa ao ver que não só tinha um bocado de gente lá como também parecia que não ia fechar tão cedo. Fiquei lá trabalhando até mais ou menos uma da manhã depois fui pra festa do dia (ou da noite) que era num clube chamado Razzmatazz. O lugar era gigante e a fila maior ainda. Gente saindo pelo ladrão. Depois de mais ou menos meia hora na fila (de convidados, a de pagantes me disseram que quase dava a volta no quarteirão), entrei no lugar. Várias salas tocando música eletrônica. Não sei exatamente como cheguei aonde estavam tocando os caras da academia. Na real achei o clube meio chato. Meio "sábado" demais pra mim e fiquei meio desanimado. Muita música que não fazia exatamente o meu estilo e não exatamente me emocionava. Fiquei um tempo lá e voltei de metrô pro hotel.




DIA 8




Tinha uma excursão em algum lugar que eu não sei o nome (e ninguém soube me dizer também) mas eu não fui. Estava com uma bruta ressaca da noite anterior além do fato que precisava ligar pros meus contatos em Barcelona e, é claro, escrever esse texto (o que foi impossível durante a semana visto o que estou contando aqui, né?). Então, disse que não ia, dormi até a tarde, almocei uma bela junkie food e fiquei o dia todo no hotel escrevendo. espero que vocês tenha curtido e semana que vem mando o resumo dessa semana. Abraços e beijos aos amigos e amigas. Qualquer dia tamo aí...